quarta-feira, 5 de junho de 2013

Padre Geraldo Slag e o mistério da adega submersa

Saboeiro, uma pequena cidade com uma grande história a ser contada

Saboeiro. A cidade que é uma referência a uma árvore ‘que faz sabão’ já que não tem na sua sede quase nenhum exemplar da sabonete (Sapindus saponaria L.) antes abundante na região. Somente uma sobrou e a encontramos em uma escola preservada pelos alunos. O restante foi dizimado. A Árvore do sabonete chega a 9 m de altura e é conhecida também como pau-de-sabão, saboneteiro, sabão-de-macaco, sabonete-de-soldado, jequitinhaçu, fruta-de-sabão, sabão-de-soldado. A casca, a raiz e o fruto são utilizados na medicina popular como calmante, adstringente, diurético, expectorante, tônico, depurativo do sangue e contra a tosse. Os frutos servem para a lavagem de roupas, por possuírem saponina (substância com propriedades similares às do sabão). Além disto, é utilizada na arborização urbana.
Fruto da sabonete

As origens da cidade remontam ao início do Século XVIII, tendo como fundadores e primeiros habitantes Domingos Rodrigues e seu amigo Ventura Rodrigues de Souza. Mas Saboeiro seria apenas mais uma cidade com nome engraçado se não fosse pela chegada de um padre holandês chamado de GERALDO SLAG.

De onde veio o Padre Geraldo?

Padre Gerald Slag (nome holandês depois aportuguesado para Geraldo) chegou à Saboeiro em 1963 em meio à fome, miséria e com sua população ainda sofrendo com os efeitos da seca. Missionário da Ordem da Sagrada Família, Geraldo Slag, era de família rica e tradicional na cidade de Enter, na Holanda, que fica a poucos quilômetros da fronteira com a Alemanha. A cidade fundada em 1200 já viu de tudo inclusive a invasão nazista na Segunda Guerra Mundial. Hoje Enter é a cidade que detém o recorde de ter feito o maior tamanco de madeira do mundo – tradição holandesa de fazer sapatos de madeira.

Padre Geraldo jovem

A esperança chega à Saboeiro

Movido pelo sentimento humanitário, Padre Geraldo Slag desembarca em 1963 em Saboeiro e encontra a maioria dos quatro mil habitantes, à época, vivendo em condições bem difíceis.
Rapidamente Geraldo acionou seus familiares e amigos em Enter que prontamente atenderam o seu pedido de ajuda e enviaram donativos, comida, roupas e remédios. A cidade e as pessoas começaram a entender quem era aquele padre que falava ‘difícil de entender’, mas que trazia o que eles mais precisavam – comida e amor.
O padre Geraldo Slag adotou a cidade e seus habitantes como sua família e mudou para sempre a vida de muita gente. Ele era o médico da cidade, o farmacêutico, o guia espiritual, apaziguador e juiz de paz, assistencialista e de vez em quando assumia na marra as funções de prefeito. Bastava mexer com seu povo para ver o padre tomar à frente.
Padre Geraldo cercou-se de pessoas da sua confiança. Para ter certeza que seguiriam suas recomendações e não cairiam na tentação de serem vencidas pelo demônio da corrupção, muitas dessas pessoas foram passar uma boa temporada em Enter, na Holanda.

Dona Maroca, 81 anos - a sua secretária e ‘braço direito e esquerdo’.

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