sábado, 21 de setembro de 2013

NOVA OLINDA: Atitude positiva

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Muitos moradores estão engajados na separação de recicláveis e a Associação não para de crescer, em Nova Olinda  Juliana Rodrigues, 29, casada, duas filhas, tem uma bodega em Nova Olinda, no sul do Ceará, e, há cinco anos, começou a juntar materiais recicláveis, não só da sua casa, mas da rua também. “Melhor separar do que jogar na rua. Mesmo que não vendesse, continuaria juntando”, resume.  Juliano gerencia a Associação. 
 
A comerciante Juliana Rodrigues, não só separa os resíduos da sua casa, mas coleta na rua também. O policial aposentado Antônio Gonçalves de Sousa junta, com a ajuda de outras pessoas, no município vizinho de Santana do Cariri, e leva para a associação. Carlos Leonan Martins recolhe nas ruas de Nova Olinda e fatura R$ 100 por semana Fotos: Fabiane de Paula  Ela os acumula durante um mês e, com a satisfação de estar fazendo a coisa certa, dá o dinheiro arrecadado para as filhas Joice, 12; e Ana Júlia, 6. Todo o material é levado à Associação dos Agentes Recicladores de Nova Olinda (Aarno).  Nova Olinda é mais conhecida por suas manifestações culturais a partir dos trabalhos desenvolvidos pela Fundação Casa Grande e pelo mestre da cultura Espedito Seleiro. Inserida no caldeirão cultural da Região do Cariri, fica distante 496 quilômetros de Fortaleza.  
 
Fundada, em 2003, na Aarno circulam aproximadamente oito mil quilos de materiais recicláveis por mês, resultando numa margem de lucro de aproximadamente R$ 1.000 mensais para a entidade. No caso de alguns materiais, como o ferro, é preciso acumular mais de 18 mil quilos para compensar o frete de R$ 1.150 até a Gerdau, localizada em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).  Outros metais, como alumínio, cobre, bronze, baterias automotivas, PVC, PET, outros plásticos, papel branco, papel misto, papelão e embalagens longa vida complementam o rol de recicláveis com os quais a cooperativa trabalha.  O material mais caro é o cobre (R$ 7) e o mais barato o papelão (R$ 0,10).
 
 Praticamente nada é dispensado. “Só não trabalhamos com vidro por falta de um triturador”, explica o tesoureiro, Juliano Alves de Aragão.  O apoio da Prefeitura de Nova Olinda se dá na conta de água e de luz da Associação, o que representa uma economia e tanto para Juliano. Além disso, a sede funciona em terreno doado pelo Município.  
 
Estrutura  
 
Associada ao Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), a Aarno conseguiu Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), prensa e balança com empresas parceiras; e, via Secretaria das Cidades e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também conquistou, em 2010, a construção de um galpão e também um caminhão.  Outros melhoramentos foram feitos com reinvestimento dos lucros totais, assim como aquisição de um terreno para futuras instalações. “Optamos por um financiamento pessoal porque a burocracia era muito grande, conta Juliano.  Hoje são 22 associados e três pessoas trabalhando diretamente no galpão de coleta, todos recebendo individualmente, conforme a produção. O lucro só não é maior porque o volume coletado ainda é bem pequeno. “É preciso conscientizar mais e isso deve ser permanente”, argumenta Juliano.  
 
Compensador  
 
Expedito Bezerra de Santana, 55, é agricultor, mas há dois anos trabalha na Aarno das 7h às 11h e das 13h às 17h. Em cinco dias e meio (sábado) por semana consegue tirar aproximadamente R$ 100. Para ele, é compensador, já que trabalha sentado, na sombra, selecionando material.  Já Carlos Leonan Martins, 17, trabalha na Aarno das 7h às 17h e estuda à noite há um ano. “É melhor do que estar na rua vagabundando”, afirma. Ele vai recolhendo os recicláveis na rua e leva para a sede da Associação. Os R$ 100 que arrecada ajudam na despesa da casa onde vive com a mãe, o pai e três irmãos pequenos. O pai trabalha numa pedreira, em Santana do Cariri, município vizinho, e a mãe é dona de casa.  
 
Complemento  
 
Enquanto nós estávamos na Associação, o policial militar aposentado Antônio Gonçalves de Sousa, chegou em seu carro, do município vizinho, Santana do Cariri, que fica distante 508 quilômetros de Fortaleza. Depois da aposentadoria proporcional (R$ 1.500) e de uma experiência como vereador, há seis anos ele começou a juntar, com a ajuda de outras pessoas, recicláveis e hoje complementa a renda com R$ 600,00 dessa atividade.  Naquele dia, Gonçalves levou 2,6 quilos de cobre, 25,2 quilos de latinhas e 6,2 quilos de panelas e saiu com R$ 70,30 no bolso. Vale destacar que a Aarno só recebe cobre de transformadores e motores velhos para evitar o furto de fiação elétrica.  “Eu comecei levando para o Crato, mas saía mais caro devido à distância”, conta o policial aposentado. Além de juntar em casa, ele paga pessoas para coletarem em festas e, em algumas semanas, chega a fazer a viagem entre os dois municípios duas vezes. “Eu ponho gás no carro e compro mais reciclados. Pra muita gente isso é vergonha, mas pra mim é trabalho. Assim completo meu salário e sou honesto comigo e com a minha família”, acrescenta. Perguntado sobre a possibilidade de criar uma associação em seu município, acredita na possibilidade, mas vê pouco interesse na classe política em incentivar. “A população também precisaria ajudar mais”, conclui.  
 
Novos incentivos  
 
A nova legislação brasileira sobre resíduos sólidos consagrou a coleta seletiva como um dos principais instrumentos da gestão dos resíduos, ao relacionar, entre os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a reutilização e a reciclagem dos resíduos sólidos. Além disso, incluiu, entre os instrumentos desta Política, a coleta seletiva e o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e associação de catadores; e priorizou no acesso a recursos da União os municípios que implantarem coleta seletiva com a participação de catadores organizados. 
 
 FIQUE POR DENTRO  
 
 
 Pesquisa sobre Coleta seletiva no Brasil  766 municípios brasileiros (14%) têm programas de coleta seletiva, sendo que a concentração dos programas municipais permanece nas regiões Sudeste e Sul do País. Do total de municípios brasileiros que realizam esse serviço, 86% estão situados nessas regiões. Cerca de 27 milhões de brasileiros (14%) têm acesso a programas municipais de coleta seletiva.  
 
A maior parte dos municípios ainda realiza a coleta de porta em porta (88%); os Postos de Entrega Voluntária (PEV) são alternativas para a população poder participar da coleta seletiva (53%); tanto o apoio quanto a contratação de cooperativas, como parte da coleta seletiva municipal, continuam avançando (72%).  A coleta seletiva dos resíduos sólidos municipais é feita pela própria Prefeitura em 48% das cidades pesquisadas; empresas particulares são contratadas para executar a coleta em 26%; e mais da metade (65%) apoia ou mantém cooperativas de catadores como agentes executores da coleta seletiva municipal. 
 
 
 Aparas de papel/papelão continuam sendo os tipos de materiais recicláveis mais coletados por sistemas municipais de coleta seletiva (em peso), seguidos dos plásticos em geral, vidros, metais e embalagens longa vida. A porcentagem de rejeito ainda é elevada.




http://www.oconterraneo.com/
Muitos moradores estão engajados na separação de recicláveis e a Associação não para de crescer, em Nova Olinda

Juliana Rodrigues, 29, casada, duas filhas, tem uma bodega em Nova Olinda, no sul do Ceará, e, há cinco anos, começou a juntar materiais recicláveis, não só da sua casa, mas da rua também. “Melhor separar do que jogar na rua. Mesmo que não vendesse, continuaria juntando”, resume.
Juliano gerencia a Associação. A comerciante Juliana Rodrigues, não só separa os resíduos da sua casa, mas coleta na rua também. O policial aposentado Antônio Gonçalves de Sousa junta, com a ajuda de outras pessoas, no município vizinho de Santana do Cariri, e leva para a associação. Carlos Leonan Martins recolhe nas ruas de Nova Olinda e fatura R$ 100 por semana Fotos: Fabiane de Paula

Ela os acumula durante um mês e, com a satisfação de estar fazendo a coisa certa, dá o dinheiro arrecadado para as filhas Joice, 12; e Ana Júlia, 6. Todo o material é levado à Associação dos Agentes Recicladores de Nova Olinda (Aarno).
Nova Olinda é mais conhecida por suas manifestações culturais a partir dos trabalhos desenvolvidos pela Fundação Casa Grande e pelo mestre da cultura Espedito Seleiro. Inserida no caldeirão cultural da Região do Cariri, fica distante 496 quilômetros de Fortaleza.
Fundada, em 2003, na Aarno circulam aproximadamente oito mil quilos de materiais recicláveis por mês, resultando numa margem de lucro de aproximadamente R$ 1.000 mensais para a entidade. No caso de alguns materiais, como o ferro, é preciso acumular mais de 18 mil quilos para compensar o frete de R$ 1.150 até a Gerdau, localizada em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Outros metais, como alumínio, cobre, bronze, baterias automotivas, PVC, PET, outros plásticos, papel branco, papel misto, papelão e embalagens longa vida complementam o rol de recicláveis com os quais a cooperativa trabalha.
O material mais caro é o cobre (R$ 7) e o mais barato o papelão (R$ 0,10). Praticamente nada é dispensado. “Só não trabalhamos com vidro por falta de um triturador”, explica o tesoureiro, Juliano Alves de Aragão.
O apoio da Prefeitura de Nova Olinda se dá na conta de água e de luz da Associação, o que representa uma economia e tanto para Juliano. Além disso, a sede funciona em terreno doado pelo Município.
Estrutura

Associada ao Compromisso Empresarial para Reciclagem (Cempre), a Aarno conseguiu Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), prensa e balança com empresas parceiras; e, via Secretaria das Cidades e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), também conquistou, em 2010, a construção de um galpão e também um caminhão.
Outros melhoramentos foram feitos com reinvestimento dos lucros totais, assim como aquisição de um terreno para futuras instalações. “Optamos por um financiamento pessoal porque a burocracia era muito grande, conta Juliano.
Hoje são 22 associados e três pessoas trabalhando diretamente no galpão de coleta, todos recebendo individualmente, conforme a produção. O lucro só não é maior porque o volume coletado ainda é bem pequeno. “É preciso conscientizar mais e isso deve ser permanente”, argumenta Juliano.
Compensador

Expedito Bezerra de Santana, 55, é agricultor, mas há dois anos trabalha na Aarno das 7h às 11h e das 13h às 17h. Em cinco dias e meio (sábado) por semana consegue tirar aproximadamente R$ 100. Para ele, é compensador, já que trabalha sentado, na sombra, selecionando material.
Já Carlos Leonan Martins, 17, trabalha na Aarno das 7h às 17h e estuda à noite há um ano. “É melhor do que estar na rua vagabundando”, afirma. Ele vai recolhendo os recicláveis na rua e leva para a sede da Associação. Os R$ 100 que arrecada ajudam na despesa da casa onde vive com a mãe, o pai e três irmãos pequenos. O pai trabalha numa pedreira, em Santana do Cariri, município vizinho, e a mãe é dona de casa.
Complemento

Enquanto nós estávamos na Associação, o policial militar aposentado Antônio Gonçalves de Sousa, chegou em seu carro, do município vizinho, Santana do Cariri, que fica distante 508 quilômetros de Fortaleza. Depois da aposentadoria proporcional (R$ 1.500) e de uma experiência como vereador, há seis anos ele começou a juntar, com a ajuda de outras pessoas, recicláveis e hoje complementa a renda com R$ 600,00 dessa atividade.
Naquele dia, Gonçalves levou 2,6 quilos de cobre, 25,2 quilos de latinhas e 6,2 quilos de panelas e saiu com R$ 70,30 no bolso. Vale destacar que a Aarno só recebe cobre de transformadores e motores velhos para evitar o furto de fiação elétrica.
“Eu comecei levando para o Crato, mas saía mais caro devido à distância”, conta o policial aposentado. Além de juntar em casa, ele paga pessoas para coletarem em festas e, em algumas semanas, chega a fazer a viagem entre os dois municípios duas vezes. “Eu ponho gás no carro e compro mais reciclados. Pra muita gente isso é vergonha, mas pra mim é trabalho. Assim completo meu salário e sou honesto comigo e com a minha família”, acrescenta. Perguntado sobre a possibilidade de criar uma associação em seu município, acredita na possibilidade, mas vê pouco interesse na classe política em incentivar. “A população também precisaria ajudar mais”, conclui.
Novos incentivos

A nova legislação brasileira sobre resíduos sólidos consagrou a coleta seletiva como um dos principais instrumentos da gestão dos resíduos, ao relacionar, entre os objetivos da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) a reutilização e a reciclagem dos resíduos sólidos. Além disso, incluiu, entre os instrumentos desta Política, a coleta seletiva e o incentivo à criação e ao desenvolvimento de cooperativas e associação de catadores; e priorizou no acesso a recursos da União os municípios que implantarem coleta seletiva com a participação de catadores organizados.
FIQUE POR DENTRO
Pesquisa sobre Coleta seletiva no Brasil

766 municípios brasileiros (14%) têm programas de coleta seletiva, sendo que a concentração dos programas municipais permanece nas regiões Sudeste e Sul do País. Do total de municípios brasileiros que realizam esse serviço, 86% estão situados nessas regiões. Cerca de 27 milhões de brasileiros (14%) têm acesso a programas municipais de coleta seletiva.
A maior parte dos municípios ainda realiza a coleta de porta em porta (88%); os Postos de Entrega Voluntária (PEV) são alternativas para a população poder participar da coleta seletiva (53%); tanto o apoio quanto a contratação de cooperativas, como parte da coleta seletiva municipal, continuam avançando (72%).
A coleta seletiva dos resíduos sólidos municipais é feita pela própria Prefeitura em 48% das cidades pesquisadas; empresas particulares são contratadas para executar a coleta em 26%; e mais da metade (65%) apoia ou mantém cooperativas de catadores como agentes executores da coleta seletiva municipal.
Aparas de papel/papelão continuam sendo os tipos de materiais recicláveis mais coletados por sistemas municipais de coleta seletiva (em peso), seguidos dos plásticos em geral, vidros, metais e embalagens longa vida. A porcentagem de rejeito ainda é elevada.
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