terça-feira, 3 de setembro de 2013

Espionagem norte-americana abala relações entre Brasil e EUA


O Itamaraty convocou a Brasília, nesta segunda-feira, o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, para prestar esclarecimentos sobre as denúncias de monitoramento de conteúdo de telefonemas, emails e mensagens de celular da presidenta Dilma Rousseff por parte de agência norte-americana, informou uma fonte à agência inglesa de notícias Reuters. O estremecimento nas relações entre os dois países ocorre após revelações feitas na noite passada, durante o programa Fantástico, da Rede Globo, segundo as quais a presidenta teria sido alvo de espionagem por parte da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês).
As informações foram repassadas por Snowden ao jornalista Gleen Greenwald, com a intenção de revelar a prática de espionagem norte-americana, pouco antes de ficar 38 dias retido no aeroporto de Moscou, na Rússia. Os dados obtidos pelo ex-técnico revelam que foram monitorados contatos de Dilma com seus assessores e ainda a comunicação destes assessores com terceiros. A apresentação do documento se chama “Filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil”. De acordo com o documento, o programa de espionagem permite encontrar uma ‘agulha no palheiro’ sempre que for necessário.
O palheiro representa toda a massa de informações que circulam pela internet a cada segundo e que estão à disposição do serviço de espionagem norte-americano, como telefones, servidores de e-mail e redes sociais. Já a agulha é a pessoa escolhida para ser investigada. O documento, datado de junho de 2012, indica os dois principais alvos da NSA na época: a presidente Dilma Rousseff e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, na época líder das pesquisas na disputa eleitoral. A investigação monitorou números de telefone, IP do computador pessoal de cada um e e-mails. O mesmo foi realizado com os assessores de cada um e ainda com os diálogos destes assessores com outras pessoas.
Métodos
Para espionar Enrique Penã Nieto, a NSA contou com uma série de programas. Um deles é oMainway, responsável por coletar um imenso volume de informações que circulam pela internet. Mensagens de texto enviadas por telefone também foram interceptadas, desta vez pela utilização do programa Association, também utilizado para monitorar mensagens em redes sociais. Após uma captação inicial, as mensagens consideradas importantes passam por outro filtro o Dishfire.
Já na investigação de Dilma, os Estados Unidos batizaram a operação de Goal, cujo objetivo era “melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores” da presidenta brasileira e seus principais assessores. Com um programa chamado DNI selectors toda a atividade da presidenta na internet foi monitorada, incluindo sites visitados e troca de e-mails pessoais. Um gráfico ainda mostrava todos os contatos de Dilma com seus assessores. No final do relatóriovazado por Snowden, os Estados Unidos afirmam que a união dos setores da NSA obteve sucesso ao descobrir dados de alvos importantes: Brasil e México.
Além disso, o crescimento do Brasil no mercado internacional é fator de preocupação para os norte-americanos. No relatório, o país aparece ao lado da Turquia, Egito, Índia, Irã e México como um risco para a estabilidade mundial.
– Quando o país fica mais independente e mais forte, como o Brasil está, competindo com os Estados Unidos e suas (empresas) norte-americanas, o governo começa a pensar diferente sobre Brasil – disse Glenn Greenwald, em entrevista ao Fantástico.
A interceptação pelos EUA de dados eletrônicos e de telefonia no Brasil já havia sido denunciada anteriormente. Na semana passada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, reuniu-se na Casa Branca com o vice-presidente norte-americano, Joe Biden, para tratar do tema. Após tomar conhecimento das últimas denúncias, Cardozo disse à Rede Globo que, se confirmado o monitoramento das comunicações da presidente, representará “uma clara violação à soberania” brasileira.

Informações:http://jmunicipios.com
Fonte: Correio do Brasil

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