segunda-feira, 17 de junho de 2013

Do Ceará para o mundo: yes, quadrilhas juninas cantam forró em inglês

Foto: Christiane Rodrigues e Aline Araújo ontem na estreia da Junina Babaçu 2013

Foto: Dennys Augusto
Grupos como a Junina Babaçu prometem show especial para turistas que vierem à Copa das Confederações



As festas juninas coincidem neste ano com outra paixão nacional: o futebol. Em Fortaleza, os arraiais espalhados pela Cidade se somam às exibições dos jogos da Copa das Confederações. E, para não deixar ninguém de fora dos arrasta-pés, as quadrilhas se prepararam para conquistar os turistas estrangeiros cantando até mesmo em inglês.

Participantes fazem seis meses de ensaios para as apresentações FOTO: TUNO VIEIRA
O grupo Junina Babaçu, campeão cearense do ano passado, promete surpresas em suas apresentações. Com uma homenagem ao o forró, os 120 integrantes da quadrilha vão cantar os principais sucessos da cantora Eliane em inglês. 

Além disso, entre os "anavantur", "anarriê" e "balancê" (palavras derivadas do francês), o animador arriscará um "good nigth", "welcome" ou vai informar o tema do grupo: "Forró, the Northeast´s traditional rhythm, becomes a popular cultural phenomenon, which is also poetry that will make you dance with Junina Babaçu" ou, em português, "o ritmo do Nordeste, fenômeno da cultura popular, na Junina Babaçu o forró vira poesia para você dançar".

O presidente da Junina, Tacio Monteiro, explica que a decisão de falar e cantar em inglês é uma forma de interação com os visitantes estrangeiros que estão na Cidade para os jogos.


O grupo é uma das atrações do São João da Copa das Confederações da Fifa 2013, que ocorre no Aterro da Praia de Iracema. A apresentação será no próximo dia 21, às 21h. O evento é uma realização da Prefeitura de Fortaleza com apoio do Sistema Verdes Mares.

Costume
Novidades à parte, uma discussão recorrente é se os grupos perderam a tradição das antigas festas. Alguns especialistas em cultura popular cravam que sim, outros que não é bem assim. Para quem dança a quadrilha, a evolução natural das civilizações explica a substituição da chita pelo cetim, do chapéu de palha por indumentárias temáticas e dos simples passos pelas ousadas e criativas coreografias.


"Tudo evolui e com as quadrilhas não poderia ser diferente", afirma o presidente da Junina Babaçu, Tacio Monteiro. Segundo ele, ninguém tinha mais paciência de assistir quadrilhas iguais. "Nos grupos modernos, todo ano tem novidade. O público quer brilho, teatro, música e muita alegria", pontua.



De acordo com o sociólogo João Felipe Araújo, os grupos passam por um processo de profissionalização, e a improvisação não tem vez.



Na visão da mestre em Geografia Cultural e membro do Laboratório de Estudos Geoeducacionais, da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maryvone Moura, as festas juninas, a exemplo de outras que se espetacularizam, acompanham os avanços e exigências da pós-modernidade, incorporando novas dinâmicas e novos símbolos, que vão se fazendo presentes nos grandes festivais juninos. "Efeitos estéticos, estruturas de palco, equipamentos de som e iluminação, cenários, coreografias e vestimentas, em síntese, uma organização que vai tornando a festa um espetáculo", analisa.



Os gastos dos grupos mais famosos, como a própria Junina Babaçu, Zé Testinha ou Estrela do Sertão, chegam a R$ 280 mil. Os ensaios acontecem há seis meses e profissionais se desdobram. O casal de "noivos" da Junina, Nelson Rocha e Cida Sales, é tetra-campeão cearense e uma atração à parte do grupo. "É o amor pelas festas juninas que nos move. É preciso dedicação para fazer bonito nos arraias".




Diário do Nordeste

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