sábado, 8 de junho de 2013

Antropóloga Marta Azevedo deixa presidência da Funai

Marta Azevedo em imagem de abril, durante cerimônia de criação do Comitê Gestor da Política de Terras Indígenas, em Brasília (Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil)
Marta Azevedo, durante cerimônia de criação do

Comitê Gestor da Política de Terras Indígenas,
em abril (Foto: Elza Fiúza / Agência Brasil)



Saída ocorre após morte de indígena em MS e protestos em Brasília. Marta Azevedo alegou motivo de saúde; interina assumirá na segunda.

A presidente da Fundação Nacional do Índio, Marta Maria do Amaral Azevedo, deixou o cargo nesta sexta-feira (7), segundo informou a assessoria de imprensa do órgão. A saída ocorre uma semana após a morte de um índio terena durante uma conflituosa reintegração de posse em Mato Grosso do Sul e em meio a protestos de indígenas em Brasília contra a instalação de usinas hidrelétricas. Segundo o Ministério da Justiça, ao qual a Funai é subordinada, Azevedo pediu demissão alegando motivos de saúde. Nomeada pela presidente Dilma Rousseff em abril do ano passado, a antropóloga foi a primeira mulher a dirigir a Funai, responsável pelos estudos para a demarcação de terras indígenas. A carta de exoneração foi entregue ao ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo. A Funai informou que assumirá o cargo interinamente, a partir de segunda-feira (10), Maria Augusta Boulitreau Assirati, que é diretora de Promoção ao Desensenvolvimento Sustentável.

Em nota, o Ministério da Justiça disse que desde abril Azevedo tem passado por "sucessivos afastamentos" e agora deixa o cargo "para poder cuidar de seu tratamento". "O ministro da Justiça [José Eduardo Cardozo] agradece a colaboração, o empenho e a dedicação da antropóloga, cuja respeitabilidade acadêmica e indigenista engrandeceu a Funai. Marta Maria Azevedo continuará dando sua contribuição ao país e à causa indígena, colaborando com o Ministério da Justiça", diz o comunicado. Também em nota, a Funai disse que "a decisão foi tomada por ela em virtude da necessidade de realizar tratamento médico que é incompatível com a agenda de presidenta". A nota diz que a susbstituta, Maria Augusta, e os demais diretores darão continuidade à missão da fundação. "Ressaltamos que Maria Augusta ingressou na Funai a convite da presidenta e tem conduzido a DPDS com extrema competência e comprometimento com a missão deste órgão.



Maria Augusta e os demais diretores darão continuidade à missão da instituição na promoção e proteção dos direitos dos povos indígenas, com o compromisso de fortalecimento da Funai, mantendo o amplo diálogo com os povos indígenas, servidores e demais setores do governo." Mais cedo, nesta sexta, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), responsável pelo diálogo com movimentos sociais, disse que o governo está "preocupado" e trabalha para fortalecer a Funai. Ele também disse haver interesse para tornar o processo de demarcação de terras indígenas menos “judicializado”. A demarcação de terras é feita pelo Ministério da Justiça com base em estudo antropológicoda Funai. Atualmente, o governo discute um novo procedimento para a demarcação que também leve em conta a posição de outros órgãos federais, ligados a agricultura, por exemplo. A expectativa é que a mudança seja publicada até o fim deste semestre.


Mapa arte Sidrolândia em MS (Foto: Editoria de Arte/G1)




Morte de indígena A morte do indígena Oziel Gabriel , baleado durante conflito com policiais numa propriedade rural ocupada por terenas em Sidrolândia, no último dia 30 de maio, mobilizou o governo para o agravamento da tensão com produtores rurais. A presidente Dilma Rousseff determinou investigação imediata da Polícia Federal. Os índios chegaram a sair, mas um dia depois retornaram à Fazenda Buriti, que fica a 70 km de Campo Grande. A área da propriedade já foi reconhecida como terra indígena, mas ainda não teve a demarcação decretada pelo governo, o que levou a disputa à Justiça. Na quarta (5), o Tribunal Regional Federal 3ª Região (TRF), suspendeu a reintegração de posse que levou ao conflito em Sidrolândia, acatando um recurso da Advocacia Geral da União (AGU), feito por meio da procuradoria da Fundação Nacional do Índio (Funai). 


 A permanência dos índios na fazenda, no entanto, levou o governo a enviar ao local 110 homens da Força de Segurança Nacional, que deverão permanecer por 30 dias para evitar conflitos entre indígenas e produtores rurais. A principal reivindicação dos terena é uma área cujo processo demarcatório se arrasta há 13 anos. De acordo com a Funai, são ao menos seis propriedades invadidas. Protestos em Brasília Em Brasília, índios mundurukus estão desde terça-feira (7) em protestos e reuniões para manifestar contrariedade à instalação de usinas hidrelétricas em Tapajós, no Pará, e Teles Pires, em Mato Grosso. Na terça, eles também pediram ao ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) a interrupção das obras em Belo Monte, o que foi negado. 


Nesta quinta, Carvalho divulgou carta em que reitera a disposição do governo em promover uma consulta pública sobre as usinas hidrelétricas. Foi uma resposta a uma carta dos mundurukus entregue na quarta, em que pediam uma manifestação oficial do governo “declarando se será ou não respeitada” a decisão dos indígenas. Gilberto Carvalho afirmou que “o governo federal mantém seu compromisso de dialogar com todos os indígenas da região do Tapajós para a garantia que seus direitos sejam respeitados e que suas posições e propostas sejam consideradas no que diz respeito aos possíveis aproveitamentos hídricos na bacia do rio Tapajós”.






G1

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